terça-feira, 9 de junho de 2009


Alexia Deschamps e a beleza realçada pela luz do início da manhã / Foto: Frederico Mendes - O Globo

RIO - Até alguns anos atrás, fotografia era matemática em grego: duplamente difícil. Não é à toa que a palavra vem do grego Foto (luz) + Grafia (escrita). Agora, escrever com luz é para todos, mas existem certas dicas que podem auxiliar aqueles que querem sair do "piloto automático" e melhorar a qualidade das fotos. Vamos a elas.

Primeiramente, é necessário "entender" a luz, perceber de onde ela vem, se rebate ou filtra outra cor. O sol ainda é a melhor fonte, mas isso requer alguns cuidados, além do filtro para a pele. Se, ao meio-dia no verão, o sol fica bem acima das nossas cabeças, no inverno ele percorre as laterais do céu, o que traz uma luz mais bonita e com sombras alongadas.

Só que o sol alto produz o efeito "caveirinha", e as cavidades oculares ficam na sombra. A cor é esmaecida, sem contrastes. Nada que um Photoshop não cure. Uma solução seria um flash para iluminar os olhos. Mas tente usar este flash bem mais fraco. Se não puder regular a potência dele, coloque um guardanapo na frente. Funciona!

De qualquer maneira, em qualquer época do ano é aconselhável fotografar pessoas no máximo até uma hora depois do nascer do sol ou, invertendo o horário, uma hora antes do poente. Nessas horas as cores são quentes, intensas e todos (quase todos!) ficam mais bonitos. A luz lateral dá forma aos corpos. As fotos de moda em externas obrigam a equipe a acordar às 5h da madrugada, maquiar as modelos e começar a clicar logo em seguida. Depois... dormir um pouco e repetir tudo lá pelas 16h.

Também gosto da sombra aberta - árvore, barraca ou a lateral de uma casa. Já levei muitos lençóis de hotel como "tapador de sol", em viagens de moda. Certos retratos femininos ficam melhores em luz mais suave. Sombras e luzes mais contrastadas acentuam rugas e "marcam" mais a face. Mas é tudo uma questão de gosto. O que seria do amarelo se todos gostassem do vermelho?

Devo lembrar que, ao fotografar debaixo de uma barraca, a pessoa vai ficar com as cores da dita cuja. Ou podemos usar rebatedores feitos de placas de isopor para suavizar. Fuja dos rebatedores dourados pois os modelos ficam com ares de hepatite - isto é, amarelões...

Costumo dizer que fotografar é sempre uma questão de levantar ou abaixar. Ao ver uma paisagem, um lugar ou uma situação onde o fator momento não seja importante - isto é, se puder clicar sem que a cena se desfaça - experimente "ver" a cena de cima e de baixo. Suba em bancos, escadas, balcões ou qualquer lugar onde possa ficar mais alto e dê uma "sacada" para sentir como ficaria daquele ponto. Por exemplo, na beira da praia, se você se abaixar vai ver muito mais céu, e a areia e o mar mais estreitos. De cima de um banco, ambos ficam bem maiores (dentro da foto) e a perspectiva muda. Procure ângulos inusitados para sair da mesmice que é fotografar ao nível dos olhos.

Veja como a cena sai ganhando quando o fotógrafo fica próximo ao chão. Talvez seja arriscado, mas... tudo por uma boa foto / Foto: Frederico Mendes - O Globo

Faça a experiência, mas cuidado com ladrões! Ande com a sua câmera dentro de uma sacola de supermercado. Malas de fotografia chamam muita atenção, e sempre aconselho a cobrir os logotipos chamativos das alças da câmera. Todo cuidado ainda não é suficiente.

Mais uma coisa: o importante não é a câmera, mas o olho por trás dela! Se lhe der uma caneta de ouro vai escrever como Machado de Assis? Câmeras acima de 10 megapixels são essenciais se a intenção for fazer ampliações acima de meio metro, ou se quiser dar um corte radical na foto e aproveitar só um detalhe com boa definição. Uma lente de qualidade é mais importante do que muitos mega. Mas isso é um assunto para uma outra oportunidade. Boas fotos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário